O paradigma do tocar

29 de julho de 2010

Antigamente, posso dizer que isso já faz algumas décadas, as pessoas eram mais íntimas uma das outras. O cumprimentar a pessoas conhecidas, ou mesmo desconhecidas, era algo mais intuitivo, normal, que fazia parte do viver de cada um. O que aos poucos foi se tornando cada vez mais distante, tornando o afeto por alguém algo raro e indisponível, individualizado para si. Este cumprimento, gesto de carinho e satisfação para com o outro, não regia apenas por um simples aperto de mão, o que nos dias de hoje está cada vez mais raro, mas era uma troca de sentimentos como um bom e forte abraço.

A sociedade atual está cada vez mais atolada num poço de stress, focada no tempo, que é milimetrado para as tarefas do dia a dia. Criou-se um paradigma em torno desse plano sentimental, recusando o afeto do próximo.

Hoje, se uma pessoa parar para cumprimentar um conhecido, oferecendo um abraço, alguns minutos de atenção, essa é taxada como doida, esquisita por estar, de certa forma, quebrando um padrão, que atualmente é de fechamento.

Por que o cumprimentar alguém desconhecido pode ser tão desconfortante, ou um abraço para aquele que não lhe é companheiro? Talvez esse seja um paradigma que está não só atrasando nossa sociedade, nossa evolução, mas reprimindo o sentimento para com os outros, tornando nosso poço cheio com um imenso vazio de repressão.